Se você já ouviu falar no termo Open Insurance no Brasil e ainda não buscou se aprofundar sobre o assunto, cuidado para não gaguejar quando o seu cliente perguntar a respeito, pois trata-se de uma inovação no sistema de seguros que beneficia diretamente o segurado.
O que é Open Insurance? Definição Completa e Explicação Acessível
Open Insurance, em tradução literal para o português, significa “Seguro Aberto” ou “Seguros Abertos”. Trata-se de um novo modelo no setor de seguros que promove o compartilhamento padronizado, seguro e consentido de dados entre diferentes empresas do mercado, sempre com a autorização do cliente. O conceito é inspirado no movimento de Open Banking, já consolidado no sistema financeiro, e tem como objetivo principal colocar o consumidor no centro das decisões, ampliando o acesso, a transparência e a concorrência nos produtos e serviços de seguros.
Como funciona o Open Insurance?
De maneira acessível, o Open Insurance pode ser entendido como um “ecossistema conectado de seguros”. Antes desse modelo, as informações de seguros e de clientes ficavam restritas à seguradora com quem o cliente tinha relacionamento. Agora, por meio do Open Insurance, essas informações podem ser compartilhadas — mediante autorização expressa do cliente — com outras seguradoras, corretoras e plataformas, facilitando a portabilidade, a comparação de ofertas e o desenvolvimento de novos produtos.
Por exemplo, imagine que você tem um seguro de automóvel em uma determinada seguradora. Com o Open Insurance, será possível permitir que outras seguradoras acessem seus dados cadastrais, histórico de sinistros e características do seu contrato, sem que você precise preencher tudo de novo ou buscar manualmente as informações. Isso aumenta a praticidade para cotar novas propostas, comparar preços e condições, e garante que as ofertas recebidas sejam mais personalizadas e competitivas.
Significado do Open Insurance
O “aberto” no Open Insurance não significa que qualquer pessoa poderá acessar suas informações de forma indiscriminada. Pelo contrário, todo o compartilhamento de dados é controlado, seguro e só ocorre mediante o seu consentimento. Ou seja, o poder sobre os dados é transferido ao consumidor, que passa a decidir, de forma clara e transparente, com quais empresas deseja compartilhar suas informações e para qual finalidade.
O Open Insurance abrange três pilares principais:
- Padronização e integração dos dados: Garantindo que todas as empresas conversem “a mesma língua”, usando formatos e protocolos comuns para a troca de informações.
- Consentimento e segurança: Todo o fluxo de informações ocorre com autorização explícita do cliente e em ambiente tecnológico seguro, atendendo às exigências da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).
- Maior concorrência e inovação: Ao facilitar o acesso a dados, as empresas podem criar produtos mais aderentes ao perfil dos clientes, reduzir custos e oferecer experiências melhores, fomentando a modernização do setor.
Explicando em termos simples
Podemos comparar o Open Insurance a um aplicativo de entrega de comida: você registra suas preferências e informações uma vez, e pode acessar, comparar e contratar diferentes restaurantes e ofertas, tudo de maneira fácil e centralizada. No Open Insurance, isso acontece com seus seguros – você controla seus dados e pode, a qualquer momento, mudar de companhia, buscar cotações personalizadas, contratar serviços adicionais ou inovadores, ou resolver dúvidas, de maneira ágil e transparente.
Principais benefícios para o consumidor
- Autonomia sobre os próprios dados: O cliente deixa de ser “refém” de uma única empresa e passa a decidir quem pode acessar suas informações e com qual objetivo.
- Facilidade na comparação de ofertas: Mais praticidade na hora de encontrar seguros sob medida e com preços competitivos.
- Acesso a produtos inovadores: Novas soluções poderão surgir graças ao fluxo de dados fácil e padronizado.
- Experiência do cliente aprimorada: Mais transparência, simplicidade nos processos e foco real nas necessidades do usuário.
Resumindo
O Open Insurance é a transformação digital chegando de vez ao mercado de seguros. Ele torna o setor mais aberto, transparente e inovador, sempre colocando a proteção e o controle do consumidor em primeiro lugar.
Open Insurance no Brasil: Detalhes da Implementação no Contexto Brasileiro
O Open Insurance no Brasil representa uma das maiores transformações já vistas no mercado de seguros nacional. O conceito foi inspirado no Open Banking, iniciativa que já vinha revolucionando o setor financeiro ao permitir o compartilhamento seguro de dados bancários mediante autorização do cliente. A proposta do Open Insurance é justamente criar um ecossistema mais aberto, transparente e seguro, visando aumentar a concorrência, estimular a inovação e dar mais autonomia e controle aos consumidores sobre seus próprios dados e escolhas de seguros.
Como o Open Insurance começou no Brasil?
A implementação do Open Insurance no Brasil foi liderada pela Superintendência de Seguros Privados (SUSEP), órgão regulador responsável pelo segmento. Em 2021, a SUSEP publicou normativos estabelecendo diretrizes, prazos e regras técnicas para que as seguradoras, corretoras e outras participantes do setor pudessem se adaptar à novidade.
O processo de implementação foi dividido em fases, conhecidas como ciclos, semelhantes ao que aconteceu no Open Banking:
- Primeira fase (Ciclo 1)
Divulgação de dados públicos sobre produtos de seguros, tarifas, canais de atendimentos e outros pontos de interesse ao consumidor, permitindo comparações mais transparentes entre empresas. - Segunda fase (Ciclo 2)
Compartilhamento dos dados pessoais dos clientes entre empresas, sempre mediante consentimento explícito, oferecendo ao consumidor a liberdade para escolher qual empresa pode acessar e utilizar seus dados para criar ofertas mais personalizadas. - Terceira fase (Ciclo 3)
Possibilita a iniciação de serviços de seguros a partir de diferentes plataformas e provedores, viabilizando a contratação, cancelamento e portabilidade de serviços de forma integrada e digital, facilitando a vida do consumidor.
Quem participa do Open Insurance no Brasil?
O ecossistema do Open Insurance brasileiro envolve diversos tipos de instituições:
- Seguradoras: Empresas que ofertam produtos de seguro (auto, vida, residencial, etc.)
- Corretoras de Seguros: Responsáveis pela distribuição e intermediação dos contratos.
- Insurtechs: Startups inovadoras focadas em tecnologia no setor de seguros.
- Demais participantes: Plataformas digitais, agentes de dados, e instituições de apoio.
Todas essas empresas precisam seguir padrões técnicos, protocolos de segurança da informação e regras de privacidade de acordo com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).
Objetivos e benefícios no cenário brasileiro
Os principais objetivos do Open Insurance no Brasil são:
- Aumentar a concorrência
Tornando mais fácil comparar, migrar ou contratar seguros, estimulando novas ofertas, melhores preços e serviços de maior qualidade. - Promover inovação
Abrindo espaço para o desenvolvimento de novos produtos, canais alternativos de venda, integrações entre bancos, fintechs e insurtechs. - Empoderar o consumidor
Garantindo que os dados pertencem ao consumidor e só serão compartilhados com o seu consentimento, ampliando o poder de decisão.
Desafios e particularidades brasileiras
Apesar do enorme potencial, o Open Insurance enfrenta alguns desafios no Brasil, como:
- Adequação tecnológica das empresas, especialmente pequenas corretoras;
- Garantia de segurança nas trocas de informações sensíveis;
- Educação do consumidor sobre suas opções e responsabilidades;
- Complexidade de integração entre sistemas de players distintos.
Situação atual do Open Insurance no Brasil
Até 2024, o Open Insurance já vinha em expansão, com as primeiras integrações em funcionamento e projetos-piloto sendo testados, principalmente com grandes seguradoras e insurtechs. A expectativa do mercado é que, ao longo dos próximos anos, a adoção se intensifique e o ecossistema se torne ainda mais robusto.
Como as Seguradoras estão implementando o Open Insurance no Brasil
O sucesso do Open Insurance no Brasil passa diretamente pelo engajamento das grandes seguradoras, bancos e insurtechs. Entre os principais protagonistas, destacam-se Itaú Seguros e Bradesco Seguros, que assumiram posições de liderança, além de outras seguradoras como Porto, Allianz, Tokio Marine e HDI Seguros, pioneiras na integração à iniciativa. A seguir, explicamos como cada uma dessas instituições vem se adaptando e contribuindo para o novo cenário do mercado de seguros.
Itaú Seguros
A Itaú Seguros, braço de seguros do maior banco privado do Brasil, investiu pesadamente para se posicionar à frente na implantação do Open Insurance. A instituição disponibilizou um portal exclusivo para Open Insurance, com informações detalhadas sobre consentimento, segurança, privacidade e direitos dos clientes.
O Itaú explica de forma didática como o cliente pode autorizar o compartilhamento dos dados — tudo feito de maneira simples, digital e transparente, respeitando rigorosamente a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).
Outros destaques da abordagem do Itaú Seguros:
- Processo de consentimento claro, com linguagem acessível e passo a passo para o usuário.
- Disponibilização de canais de suporte exclusivo para dúvidas sobre Open Insurance.
- Integração com plataformas internas e externas, potencializando ofertas personalizadas.
Bradesco Seguros
O Bradesco Seguros, outro gigante do setor, também foi rápido em aderir ao movimento do Open Insurance. A empresa criou uma área dedicada no site para orientar os clientes sobre como funciona o compartilhamento de dados com outras seguradoras e prestadores. O cliente tem autonomia total sobre os próprios dados, com a possibilidade de acompanhar, revisar ou revogar consentimentos a qualquer momento em ambiente digital seguro.
Principais iniciativas do Bradesco Seguros:
- Transparência total nas informações compartilhadas e nos benefícios ao cliente.
- Ferramentas de gestão de consentimento modernas e fáceis de usar.
- Equipe de atendimento especializada para apoiar tanto consumidores quanto parceiros comerciais.
Porto (Porto Seguro)
A Porto (antiga Porto Seguro) já dispõe de ambientes práticos onde o cliente pode visualizar e gerenciar seus consentimentos de compartilhamento de dados em tempo real (conforme demonstram prints de telas de clientes do sistema “Minha Porto” na seção de Open Insurance). A interface, intuitiva e minimalista, permite ao usuário ver todas as autorizações concedidas, status do compartilhamento e ativar/desativar permissões de modo ágil.
Recursos da Porto em destaque:
- Portal para gestão de consentimento integrado à conta do cliente.
- Notificações sobre atualizações e fim de vigência de compartilhamentos.
- Chat personalizado para apoio em dúvidas relativas ao Open Insurance.
Outras Seguradoras Participantes
Além dos líderes de mercado já citados, outras seguradoras de grande porte também vêm aderindo rapidamente ao Open Insurance, investindo em tecnologia, integração de sistemas e criação de ambientes de consentimento digital:
- Allianz Seguros
- Tokio Marine
- HDI Seguros
O papel das grandes companhias de seguros
A integração dessas grandes marcas é fundamental para a consolidação e crescimento do Open Insurance no Brasil. Elas ajudam a dar credibilidade e robustez ao sistema, além de facilitar a adesão de empresas menores e oferecer mais opções para consumidores e corretores.
No contexto prático, isso significa mais autonomia para o cliente, ampliação do portfólio de produtos, personalização de ofertas, facilitação na portabilidade de apólices e um ecossistema completo de serviços integrados — tudo amparado por rígidos padrões de segurança e privacidade.
Impacto para Corretores: Oportunidades e Desafios com o Open Insurance
A chegada do Open Insurance ao Brasil traz uma série de reflexos diretos e indiretos para o cotidiano dos corretores de seguros. As rápidas inovações digitais e a abertura dos dados tendem a transformar o mercado, mas os impactos práticos – positivos e desafiadores – ainda estão em construção. Para contextualizar, vale destacar a visão de Roberto Santos, ex-presidente da Porto Seguro, sobre o tema, expressa publicamente em diferentes momentos no CQCS:
“Open Insurance não deve reduzir custos ao consumidor e traz alguns riscos.”
Segundo Roberto, apesar da velocidade com que o Open Insurance está sendo implementado, o mercado de seguros brasileiro já funciona de maneira relativamente aberta, com muito compartilhamento de informações, tecnologias e integração entre diferentes players. Em outras palavras, para ele, a tendência é de evolução, e não de ruptura total com o modelo tradicional:
Oportunidades para Corretores de Seguros
- Acesso Facilitado a Dados: Os corretores poderão acessar informações de clientes (com consentimento), facilitando cotações, comparativos, portabilidade e propostas personalizadas.
- Ampliação da Competitividade: Com dados abertos, será possível oferecer produtos de diversas seguradoras de forma realmente comparável e competitiva, valorizando o trabalho de consultoria.
- Digitalização dos Processos: A automação pode acelerar tarefas morosas do dia a dia, gerando menos retrabalho, mais produtividade e oportunidade de atuar em nichos valorizados.
- Valorização do Relacionamento: Em um universo com mais informação disponível, a experiência personalizada e o suporte consultivo do corretor ganham ainda mais valor.
Desafios para Corretores de Seguros
- Risco de Comoditização: Facilidade de comparar pode levar parte dos clientes a tratar o seguro somente pelo preço, reduzindo diferenciais e pressionando margens.
- Novos Concorrentes: Insurtechs, bancos digitais e fintechs podem entrar ainda mais forte no segmento, atraindo perfis que buscam agilidade online.
- Exigência de Adaptação Tecnológica: Corretores precisarão investir em tecnologia, marketing digital e capacitação constante para não ficar atrás dos grandes players e novos entrantes.
- Segurança e Privacidade: A necessidade de lidar com dados sensíveis exige grande responsabilidade, investimento e processos para prevenção de fraudes e vazamentos.
O Open Insurance não é, necessariamente, um movimento que vai eliminar o papel dos corretores — ao contrário, pode valorizá-los se investirem em inovação, atendimento humanizado e posicionamento digital forte. O desafio é transformar as oportunidades trazidas pela abertura do mercado em diferencial competitivo, utilizando toda a inteligência de dados disponível para entregar cada vez mais valor aos clientes e se posicionar como peça-chave na jornada de proteção financeira.
E para quem quiser se aprofundar no tema, especialmente lideranças, profissionais ou empreendedores do segmento de seguros, finanças ou tecnologia, recomendo conhecer a Certificação Avançada em Open Insurance / Finance, realizada pela ENS — a sua Escola de Negócios e Seguros.
Além disso, se você é corretor e quer entender como usar o digital a seu favor, participe da Imersão Digital para Corretores de Seguros, aprenda a construir e escalar estratégias digitais robustas para a sua corretora de seguro. O futuro (e o presente também) é digital — e a sua corretora pode sair na frente!